segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

CAMINHANDO PARA E COM DEUS

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Recentemente fui substituído numa “missão” que muito me agradava e para a qual me “sentia talhado”.
Sempre senti, desde o meu regresso a Deus e à Igreja, obstáculos pessoais que me impedem de aproximar mais e melhor da vontade de Deus, e que por vezes me afastam mesmo, dos quais julgo, para além de outros, os maiores serão o orgulho e a vaidade.
Muitos que comigo lidam talvez não os percebam na sua relação comigo, mas sinto-os eu e isso me basta.

Já uma vez, pelo menos, tive que “fazer das tripas coração”, e “exigir” em determinada eleição para um determinado “cargo” que ocupava há demasiado tempo, que não votassem em mim, porque não aceitaria continuar, não porque não quisesse ou não pudesse, mas porque uma voz cá dentro me dizia que essa era muito mais uma vontade minha, do que a vontade de Deus.
E agora, foi quase a mesma coisa, embora desta vez ajudado por bons amigos que me ajudaram a aceitar a decisão sem grande constrangimento.

Ao voltar ao que escrevi acima reparei nesta frase «determinado “cargo” que ocupava há largo tempo», e fez-se um pouco de luz sobre o assunto.
Realmente o que muitas vezes faço, (e não só eu), é “ocupar” um cargo, uma missão, em vez de servir a Deus num cargo, ou numa missão.

É que se servimos a Deus num cargo, ou numa missão, então estamos sempre disponíveis para servir a Deus em tudo o que Ele nos pedir, mas se “ocupamos” um cargo, ou uma missão, então o cargo ou a missão, tornam-se coisa nossa, que nos serve, (sobretudo ao nosso orgulho e vaidade), e não como caminho para servir a Deus.
E depois ouvimos aqueles que, com verdadeira amizade, nos dizem que somos os melhores para aquilo que estamos a fazer, e convencemo-nos disso mesmo, para não darmos azo a ser substituídos e a perder “estatuto”.

E hoje, quando meditava nisto mesmo e começava a escrever, iam surgindo razões, (a vontade de Deus tem sempre razão e é sempre razão), para ser afinal substituído e bem substituído.

E vinha ao meu pensamento essa ideia de que realmente terei muitos conhecimentos, terei até muito jeito para tal cargo ou missão, mas, deixando-me ficar, acabo por não renovar, acabo por querer fazer aquilo que acho melhor, e aquilo que eu acho melhor é aquilo que eu já faço.
Então percebi, (como todos devemos perceber), que o Senhor, no seu infinito amor, me dizia que todo o “meu saber” acumulado vinha d’Ele, e que usado agora numa ajuda, numa colaboração sincera e desprendida com aquele/aqueles que me substituíram pode ter um “valor acrescentado”, que é o novo, a novidade que eles podem trazer, também seguramente conduzidos pelo Espírito Santo.

É curioso, que até ao escrever isto que agora escrevo, me parece estar a ser orgulhoso e vaidoso, mas recorro ao Santo Padre Pio, que dizia, mais coisa menos coisa, que o inimigo se serve muitas vezes de coisas aparentemente boas, (o reconhecimento dos nossos defeitos), para nos tentar impedir de fazer a vontade de Deus.

E descanso então no Evangelho de hoje e na resposta de Jesus à pergunta dos discípulos: «Quem pode então salvar-se?» Mc 10, 26

«Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Mc 10, 27


Marinha Grande, 27 de Fevereiro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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