quinta-feira, 2 de abril de 2015

TRÍDUO PASCAL

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Começam hoje os dias que me tocam particularmente.
Tocam não só profundamente a minha espiritualidade, mas todo o meu ser homem, sobretudo homem que pensa, age e se emociona.
Muitas vezes não consigo conter as lágrimas, (isto é coisa de agora, que considero graça de Deus), mas não são lágrimas de tristeza, mas de um amor profundo, de uma serenidade bonançosa, de uma esperança inabalável.
Penso n’Ele, tento viver para Ele, quero respirar o que Ele respira, ou melhor, quero respirá-Lo, a Ele, como se respira a vida.

E divido-me, divido-me sempre!
Muitas vezes me sinto ao Seu lado, querendo ser Simão de Cirene, querendo ser Verónica, querendo ser Maria e João, querendo viver em mim a Sua Paixão, e depois, brutalmente, confronto-me com a realidade da minha vida que tantas vezes me coloca no meio daqueles que Lhe dão beijos de traição, que O negam antes do “galo cantar”, que gritam com a multidão: crucifica-O, crucifica-O!

Mas Ele, no meio do sofrimento, no meio da humilhação, por entre a dor cravada no Seu Coração por aqueles que deliberadamente se condenam, olha-me nos olhos, toma-me pela mão, encosta-me ao seu peito cansado e diz-me cheio de ternura: É por ti, Joaquim, é por ti!
E eu, dividido entre mim, baixo os olhos e respondo-Lhe: Mas, Jesus, eu sou tão pecador!
Ele aperta-me ainda mais junto a Si, afaga-me a cabeça e diz-me com a Sua voz repassada de amor: Não entendes, Joaquim? Tudo isto é para te dizer que estejas de que lado estejas, Eu amo-te sempre, com amor eterno. Faças o que fizeres, se olhares para Mim, se Me procurares de coração arrependido, a minha Paixão enche-se de sentido, porque toda Ela é vivida para te perdoar as tuas faltas.

O amor, a confiança, a esperança transformam-se numa só virtude, num só sentimento, numa só vivência e os olhos rasos de lágrimas choram a alegria do Deus que me ama, que me perdoa, que me salva, que me dá a vida renascida.

Tranquilamente, Ele afasta-se de mim para continuar a sua caminhada de Paixão, mas antes diz-me ao ouvido, cheio de compaixão: É por ti e por todos! Por cada um dos que me amam e dos que me rejeitam. Vai agora, e proclama com a tua voz, com a tua vida, com todo o teu ser que morro por todos, para que todos se salvem! E lembra-te, e lembra-lhes, que a minha Paixão termina na Ressurreição!

Glória a Ti, Senhor, agora e para sempre, pelos séculos sem fim!


Marinha Grande, 2 de Abril de 2015
Joaquim Mexia Alves
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