domingo, 22 de julho de 2012

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "ORANDO EM VERSO"

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Apresentação do livro «Orando em Verso», na Capela das Termas de Monte Real, em 7 de Julho.

Palavras do Padre José Carlos Nunes, Superior dos Paulistas em Portugal

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Saúdo os presentes com grande amizade e estima.

Manifesto a honra e alegria em ter publicado e apresentar esta obra em Monte Real, lugar que me é tão querido.

Sobre o autor deste belíssimo livro tenho apenas a sublinhar o que foi escrito na Introdução, pelo Pe. Armindo Castelão Ferreira (Pároco da Marinha Grande) e no Prefácio, pelo Dr. Mário Pinto (Professor Universitário Jubilado): «todos os escritos que conheço dele são um hino de louvor e ação de graças ao Senhor», «A poesia de Mexia Alves chama-nos para o dizer e o gozar abertos e peregrinos da Beleza e do Bem infinitos que estão no Outro», «Joaquim Mexia Alves tem uma vocação forte, como forte são nele a natureza e o carácter: na estatura, na voz, no gesto, na actividade, no destemor, na exuberância», « a oração do Joaquim Mexia Alves ganha beleza poética formal a partir da beleza da substância da oração que está dentro».

O homem reza desde que o mundo é mundo, e algumas orações foram transmitidas de uma língua para outra e de uma época cultural para outra.

Se é verdade que deve haver momentos em que nos dediquemos completamente à oração, também é verdade que nenhum momento da nossa vida se pode considerar desligado da oração. Se estamos habituados a rezar para que nos corra bem um exame ou para que tenhamos saúde, não sentimos necessidade de rezar quando não temos nenhuma necessidade importante. Mas afinal o agradecer não é também uma necessidade? E cada instante da nossa vida não é um tempo propício para agradecer? Se nos consideramos como o centro de tudo, achamos que os outros é que nos devem agradecer. Mas se sentimos que fazemos parte da família humana, se somos bons companheiros de viagem para os outros, e se os outros o são para nós; se temos alguma sensibilidade e conseguimos ver o bem que nos rodeia, então é fácil interpretarmos a ordem que nos impele a rezar sempre e a irmos para além da vida que estamos a viver sobre a terra, e a dilatar a nossa oração, transformando-a numa atitude de agradecimento por nós e por quem nos rodeia.
Pág. 13 – “Rezar”

A Bíblia é o principal ponto de referência para toda a forma de oração cristã. Ela explica-nos porque razão devemos rezar, quando devemos rezar, como rezar, a quem rezar, não através de indicações teóricas, mas seguindo a experiência de homens e de mulheres que, tendo encontrado Deus na sua vida, passaram momentos com Ele.
Pág. 55 – “Salmo de louvor ao meu Senhor”

Na Bíblia encontramos facilmente grandes exemplos de oração, e nomes de grandes “orantes”: Abraão, Moisés, Jeremias, Job… O Livro dos Salmos pode definir-se todo ele como uma rica e variada recolha de orações, capaz de exprimir todas as situações em que o orante se possa vir a encontrar. E o Joaquim Mexia Alves segue esta linha.
Pág. 44 – “Tenho o coração nas mãos”

No Novo Testamento encontramos sobretudo as atitudes e as orações de Jesus, Filho de Deus e mediador privilegiado de toda a relação entre nós e o Pai Celeste. Se é verdade que do nosso modo de rezar se pode compreender o que pensamos de Deus, e qual a imagem que temos de Deus, quando nos aproximamos de Jesus e da Sua oração aprendemos o caminho para uma oração completa e gratificante.

Jesus rezava. Ele pertencia a um povo que sabia rezar, o povo que criou o Livro dos Salmos e encontrou na prática de oração de Israel a norma que modelou a própria fé. A oração de Jesus é uma oração muito pessoal, na qual Ele Se dirige a Deus chamando-Lhe «Papá», com a intimidade e confiança contida no termo aramaico Abba e, o Pai responde entrando em diálogo com Ele: «Tu és o Meu Filho, Eu hoje Te gerei».

Foi a partir da Sua experiência de oração que Jesus ensinou os Seus discípulos a rezar, e fê-lo através de uma interpretação autorizada do ensino relativo à oração contido na Escritura e na Tradição por Ele recebida. É, portanto, essencial para a oração autêntica acolher os conselhos para a oração dados por Jesus aos discípulos e escutados por estes, conservados, transmitidos às comunidades cristãs, e por isso vividos pelos crentes até serem depositados como Escritura nos Evangelhos. Estas indicações são ainda hoje as linhas espirituais e pastorais necessárias à oração cristã. Jesus resumiu o Seu ensinamento na oração do «Pai Nosso», definido com razão «compêndio de todo o Evangelho» (Tertuliano, A oração, 1,6). Na verdade, o Pai Nosso – que nos foi transmitido em duas versões por Mt 6,9-13 e Lc 11,2-4 –, mais do que uma fórmula rígida, constitui uma síntese das indicações de Jesus espalhadas como sementes nos quatro evangelhos: é um traçado, uma matriz, um cânone capaz de recapitular o essencial da oração cristã. Pág. 64 – “Pai Nosso, no Filho”

«Fizestes-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração não descansa enquanto não descansar em Vós.» (Confissões, I,1,1) Esta afirmação de Santo Agostinho, tão célebre e repetida de geração em geração, pode resumir bem o fundamento colocado à oração cristã pela época dos grandes Padres até aos nossos dias. Nesta perspectiva, a oração exprime o desejo do bem supremo que habita o homem, e é entendida como movimento do coração em direcção ao infinito, ao eterno, ao absoluto.

A oração cristã é, em primeiro lugar, escuta para chegar ao acolhimento de uma presença, a presença de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. A operação é simples, mas nem por isso é fácil; pelo contrário requer a capacidade de silêncio interior e exterior, sobriedade, luta contra os múltiplos ídolos que nos ameaçam.

A oração brota onde há escuta: «Fala, Senhor, que o Teu servo escuta» (1Sm 3,9): é este o primeiro acto da oração que nós, infelizmente, somos tentados constantemente a inverter para «Ouve, Senhor, que o Teu servo fala.» Sim, a escuta é oração e tem primazia absoluta, enquanto reconhece a iniciativa de Deus, o facto de que Deus é o sujeito do nosso encontro com Ele: não é passividade, mas resposta activa, acção por excelência da criatura perante o Seu Criador e Senhor.
Pág. 103 – “Advento”

«A oração não é apenas o respiro da alma mas, para usar uma imagem, é também o oásis de paz no qual podemos ir buscar a água que alimenta a nossa vida espiritual e transforma a nossa existência. E Deus atrai-se a Si, faz-nos subir ao monte da santidade, para estarmos cada vez mais próximos dele, oferecendo-nos luz e conforto ao longo do caminho.» (Bento XVI, Audiência Geral, 13.06.2012)

«Quando rezamos, abre-se o nosso coração, entramos em comunhão não só com Deus, mas precisamente com todos os filhos de Deus, porque somos um só. E quando nos dirigimos ao Pai no nosso ambiente interior, no silêncio e no recolhimento, nunca estamos sós. Quem fala com Deus não está sozinho. Estamos na grande oração da Igreja, fazemos parte de uma grandiosa sinfonia que a comunidade cristã espalhada por todas as partes da terra e em todas as épocas eleva a Deus; sem dúvida, os músicos e os instrumentos são diferentes — e este é um elemento de riqueza — mas a melodia de louvor é uma só e está em harmonia. Então, cada vez que clamamos e dizemos: «Abbá! Pai!», é a Igreja, toda a comunhão dos homens em oração, que sustém a nossa invocação, e a nossa invocação é a invocação da Igreja.» (Bento XVI, Audiência Geral, 23.05.2012)

«Na oração nós experimentamos, mais do que noutras dimensões da existência, a nossa debilidade, a nossa pobreza e o facto de sermos criaturas, porque somos colocados diante da omnipotência e da transcendência de Deus. E quanto mais progredimos na escuta e no diálogo com Deus, para que a oração se torne o suspiro quotidiano da nossa alma, tanto mais compreendemos também o sentido do nosso limite, não apenas diante das situações concretas de cada dia, mas inclusive na própria relação com o Senhor. Então, aumenta em nós a necessidade de nos confiarmos, de nos entregarmos cada vez mais a Ele; compreendemos que «não sabemos... rezar como convém» (Rm 8, 26). E é o Espírito Santo que ajuda a nossa incapacidade, ilumina a nossa mente e aquece o nosso coração, orientando o nosso dirigir-nos a Deus.» 



«A oração do fiel abre-se também às dimensões da humanidade e de toda a criação, assumindo a «criação, que aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus» (Rm 8, 19). Isto significa que a oração, sustentada pelo Espírito de Cristo que fala no íntimo de nós mesmos, jamais permanece fechada em si própria, nunca é uma oração apenas para mim, mas abre-se à partilha dos sofrimentos do nosso tempo, dos outros. Torna-se intercessão pelo próximo, e deste modo libertação de mim mesmo, canal de esperança para toda a criação, expressão daquele amor de Deus, que é derramado nos nossos corações através do Espírito que nos foi comunicado (cf. Rm 5, 5). E precisamente este é um sinal de uma oração verdadeira, que não termina em nós mesmos, mas abre-se aos outros e assim liberta-me, e deste modo contribui para a redenção do mundo.» (Bento XVI, Audiência Geral, 16.05.2012)
Pág. 137 – “Entraste na minha vida”

Obrigado Joaquim Mexia Alves por esta partilha e boa leitura a todos!
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8 comentários:

Concha disse...

Palavras que iluminam e incentivam a estar verdadeiramente em oração em tudo na vida.
Abraço na Paz de Cristo

joaquim disse...

É verdade, Concha!

O Pe José Carlos Nunes deu uma catequese linda sobre a oração.

Um abraço amigo em Cristo

malu disse...

gostei muito! tu tb deves ter gostado e mereces. Lindíssimo e guardo.

Abraço em Cristo e Maria.

joaquim disse...

Obrigado Malu!

O mérito é todo do padre José Carlos.

Um abraço amigo em Cristo

Paulo disse...

Mais uma achega para o teu excelente livro. Já o li, mas ainda não consegui por mais alguns dos poemas/orações que me "dizem" alguma coisa....entre todos eles, belos, verdadeiros e sentidos.

joaquim disse...

Obrigado Paulo.

Um abraço amigo em Cristo

Ailime disse...

Amigo Joaquim,
Já li algumas das suas orações em verso.
Pretendo meditá-las pela sua beleza e conteúdo que contagia.
E estas palavras são bem merecidas, porque o que escreveu só pode ter sido emanado por alguém que se deixou seduzir verdadeiramente pelo Senhor da Vida.
Muito obrigada e que o Espírito Santo continue a iluminá-lo.
Abraço fraterno.
Ailime

joaquim disse...

Amiga Ailime

Muito obrigado pelas suas palavras.

Realmente não as considero minhas, mas apenas veículo para as publicar.

Obrigado pelo seu incentivo.

Um abraço amigo em Cristo