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Diz-nos
o Magistério da Igreja que a família é uma “igreja doméstica”, ou seja, em
palavras muito simples, uma união de amor que deve ter Deus no seu centro.
A
família é o primeiro contacto que as crianças e os jovens têm com o mundo, e
aquilo que lhes é dado a conhecer nessas idades fica para sempre, como nós
pais, que já fomos crianças, muito bem sabemos e podemos testemunhar.
As
primeiras palavras, os primeiros passos, as primeiras alegrias e tristezas, são
sempre vividas em família, bem como os primeiros conselhos para a vida, e
depois ao longo da adolescência, para o crescer e amadurecer como futuros
homens e mulheres.
Assim,
e se nós pais procuramos a Igreja para os nossos filhos receberem a Catequese,
para melhor conhecerem Deus e melhor O poderem amar, compete-nos sem dúvida,
que desde a mais tenra idade, desde a idade em que começamos a ensinar a vida
aos nossos filhos, lhes ensinemos que é em Deus e com Deus que devemos sempre
viver e completar a vida que Ele mesmo nos deu.
Mesmo
aqueles pais, que por qualquer razão vivem afastados da fé e da Igreja, ao
escolherem para os seus filhos a frequência da catequese, devem dar, pelo menos,
o testemunho de respeito pela fé e pela Igreja que os aconselharam a viver,
disponibilizando-se sempre para os acompanhar, no sentido de os fazer perceber
a importância que tem a vivência da fé para a sua vida, pois que, se escolheram
para os filhos esse caminho, (embora possa não ser o seu), é porque acreditam
de alguma forma que é o caminho certo.
Não
tem sentido, desculpem-me a franqueza, colocar os filhos na catequese, e depois
dizer mal da Fé e da Igreja à frente deles, ou ter práticas contrárias à fé que
eles, filhos, se empenham em conhecer e viver.
Como
não tem sentido colocar os filhos na catequese e depois arranjar todo o tipo de
desculpas para eles faltarem à missa, por exemplo.
É
curioso, e mais uma vez desculpem-me a franqueza, que como catequista, sou
muitas vezes confrontado com toda a espécie de desculpas para os jovens
faltarem à catequese, porque todas as outras actividades em que estão envolvidos
são consideradas mais importantes do que a catequese em que se quiseram
comprometer.
Se
os jovens faltarem a essas actividades e por força disso não passarem um
qualquer escalão atribuído nessas actividades, é facilmente compreendido, mas
se faltarem à catequese e obviamente não passarem de ano, isso já não é
entendido nem facilmente aceite.
Ora
isto e muito mais coisas, tem a ver com a missão dos pais em tudo, mas
sobretudo na educação religiosa dos seus filhos, que é o que aqui estamos a
tratar.
Recentemente,
numa conversa que tive com várias pessoas, entre elas os Padres Armindo e
Pedro, da nossa paróquia, falou-se nas orações tradicionais que os nossos pais
nos ensinavam desde a mais tenra idade, e de como essas orações marcaram sem
dúvida as nossas vidas, sobretudo as nossas vidas espirituais.
Permitam-me
que dê o meu testemunho pessoal de como isto que acabei de dizer é verdade.
Educado
pelos meus pais na religião cristã e católica, foram-me, desde a mais pequena
idade, ensinadas as orações da Igreja, Pai Nosso, Avé Maria, etc., bem como
algumas devoções, que mais à frente referirei.
Lembro-me
bem dos natais familiares, em que o meu pai rezava connosco, e depois da meia-noite
beijávamos a imagem do Menino Jesus que estava no Presépio.
Em
todas as ocasiões de grande festa da Igreja, Natal, Páscoa; etc., o momento
mais importante era a oração que o meu pai e a minha mãe faziam connosco em
família.
Uma
devoção, que particularmente me ficou “agarrada”, é a devoção das “três Avé
Marias” diárias, que sustenta que quem a praticar terá sempre a assistência de
Nossa Senhora nas horas difíceis, sobretudo na hora da morte.
Falo
nela, porque tendo-me afastado da fé e da Igreja a partir dos 19, 20 anos, acho
que nunca deixei de a rezar, nem mesmo quando estive na guerra na Guiné.
Poderia
não rezar com fé, poderia rezar apenas por hábito, por rotina, mas essas três
Avé Marias percorreram a minha vida e são também sem dúvida, para além de
muitos outros factores, razão do meu retorno à fé e à Igreja.
Lembro-me
bem de, quando por volta já dos meus 42 anos me comecei a reaproximar da fé e
da Igreja, todos esses ensinamentos e orações que os meus pais e catequistas me
tinham ensinado, regressaram imediatamente à minha memória e com facilidade os
comecei a reflectir e rezar.
E
o meu retorno à fé e à Igreja retirou-me de uma vida que então vivia e me
levaria sem dúvida, muito rapidamente à perdição, não só espiritual, mas sem a
mínima dúvida, física e moral.
Melhor
exemplo que este sobre a missão dos pais e a sua importância na vida dos
filhos, não sou capaz de dar.
Coloca-se-nos
muitas vezes o problema se devemos obrigar os nossos filhos a participarem na
Missa, na Catequese, enfim, na vivência da fé, e, curiosamente, nós pais que
tantas vezes os obrigamos a fazer tantas coisas, neste aspecto da religião,
somos então muito mais “liberais”.
Mas
a verdade, é que se nós não os obrigarmos a ir à escola, eles por sua vontade,
também não irão.
E
afinal nós somos capazes de lhes explicar porque têm de frequentar a escola, afirmando-lhes
que é o seu futuro, etc.,etc.
Somos
capazes às vezes até de voltar a estudar em casa algumas matérias, só para os
ajudarmos nos seus estudos, mas tantas vezes não somos capazes de os ajudar a
encontrar Deus nas nossas palavras, nos nossos gestos e no nosso testemunho.
Dizia
um célebre General Israelita que o sucesso do exército israelita em guerra se
devia a que os seus oficiais, quando comandavam as tropas em combate, não
ordenavam, “em frente”, mas sim, “sigam-me”!
O
testemunho daqueles que estão à frente, neste caso os pais, é sempre a maior
parte da razão para os filhos seguirem os seus conselhos.
A
nós pais compete-nos semear a semente, compete-nos regá-la e alimentá-la
enquanto é nova, na esperança sempre de que Deus fará o resto e que quando a
árvore for adulta dará sem dúvida bom fruto. Mas se por acaso, e durante algum
tempo não der fruto nenhum, ou até mau fruto, a seiva inicial que foi dada àquela
árvore pelos seus pais, pode sempre vencer a outra seiva “estragada”, e fazer
com que árvore volte dar bom fruto.
Um
dia, nós que acreditamos, (e todos os outros também), estaremos perante Deus,
que nos perguntará o que fizemos da vida que nos deu, o que fizemos da graça
que Ele nos deu em sermos pais.
Perguntar-nos-á
se amámos os outros, sobretudo aqueles que Ele nos deu como família, e amar os
nossos filhos é, sem dúvida, mostrar-lhes o caminho do amor, o caminho da
salvação, o caminho que nos garante que mesmo que não haja mais nada e que
estejamos sós, Deus está sempre connosco.
Mostrar-lhes,
enfim, o caminho de Deus e para Deus.
..
2 comentários:
Estou completamente de acordo consigo Joaquim, a primeira catequese deve ser em casa, o amor a Deus deve começar a ser transmitido de pais a filhos como uma herança, a herança espiritual que nos acompanha durante toda a vida.
A primeira semente cabe aos pais de a colocar, depois vai-se cuidando por eles próprios em família e
depois na comunidade.
Abraço em Cristo
Utilia Ferrão
Obrigado Utilia!
Realmente se a educação, (religiosa ou não), não começa em casa logo no inicio, muito dificil será tê-la depois.
Ficará sempre "defeituosa".
Por isso é tão certo o velhor provérbio: " Não bebeu chá em pequenino»
Um abraço amigo em Cristo
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