sexta-feira, 5 de maio de 2006

O CHAMADO EVANGELHO DE JUDAS

Recebi hoje a revista da “National Geographic”, onde, como não poderia deixar de ser, vem como “noticia” mais importante o “evangelho de Judas”.

Como é difícil tentar explicar a quem não acredita, a quem não vive a fé, que por muitas explicações racionais, mais ou menos cientificas, que nos queiram dar para tantas coisas, (que lhes parecem perfeitamente demonstradas), a nossa vida de confiança e esperança em Deus e na Igreja, não se abala com coisas destas, porque acreditamos com o coração que nos mostra a Verdade que vem do alto, e não com o raciocínio da nossa inteligência, que é coisa do mundo.

Como queremos nós “ver” Deus com explicações ao alcance da nossa inteligência, das nossas capacidades intelectuais?

Se assim fosse, tão simplesmente, Deus não seria Deus, mas sim algo perfeitamente compreensível e imitável pela Sua criatura, que deve tender para isso, embora sempre sabendo que a única perfeição é Deus.

De repente, (parece que todos os anos pela Páscoa), levantam-se vozes excitadas, porque “descobriram” um “novo evangelho”, (que afinal já era conhecido), um novo escrito “verdadeiro”, que se segue a outros tantos já anteriormente “descobertos” em tempo apropriado.

Pretende-se então que este é “verdadeiro”, que este é que é a “verdade”, e que todos os outros, até então luz e caminho para todas as gerações estão errados e até foram escritos para enganar os que querem acreditar em Jesus Cristo.

Por um só dito “evangelho”, escrito como confirmam por uma seita com pensamento diferente do Cristianismo, querem colocar em causa os quatro Evangelhos, que entre si, e embora diferentes uns dos outros, em conjunto com todo o restante Novo Testamento constituem uma unidade indissociável.

Abalar-se-ão as convicções de cada crente?

Seguramente que não, a não ser daqueles que se deixam abalar por um qualquer “Código da Vinci” e outras “verdades” que todos os anos se escrevem.

Se o meu neto, que tem agora três anos, decidir aos cinquenta anos, escrever uma versão do 25 de Abril, dizendo que foi feito por militares, mas por ordem expressa do Presidente do Conselho da altura convencido que era a única forma de salvar o país, pode ser que daqui a mil anos, quando alguém encontrar esse escrito, venha dizer que afinal a história, tal como era ensinada, estava toda errada.

Espanta-me que se preocupem tanto em tentar-nos “demonstrar” que Cristo, não é Cristo, e que a Igreja é uma “organização sinistra”, que sempre nos tentou enganar.

Não percebem que a nossa fé não se alimenta do mundo, mas sim da Graça de Deus.

Se tenho dúvidas?

Com certeza que sim, que de vez em quando assolam a minha vida, mas é um processo de crescimento interior e não qualquer coisa exterior que as venha provocar.

Pena é que se dê tanto espaço, tanto tempo de noticia a quem quer provocar divisão, mas não se dê o mesmo espaço e o mesmo tempo a quem pode demonstrar que a teoria, não passa disso mesmo, teoria e como tal fabricada pelos homens.

Podem-se alterar os factos históricos, os documentos que os suportam, as imagens que os comprovam, mas uma coisa não se pode alterar: a Verdade e esta Verdade a que me refiro, é a Verdade Divina.

Como a frase que Pilatos deixa no ar, referindo-se àquilo que para ele e para nós é inatingível no pensamento, mas que para os que acreditam se experimenta no coração: «Que é a Verdade?» Jo 18,38

De braços abertos acolhemos a todos, mesmo aqueles que não acreditam e nos querem fazer acreditar, naquilo em que pretendem não acreditar.

Monte Real, 4 de Maio de 2006

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